domingo, 17 de novembro de 2019

Ofício Poético VI

Hoje, recebo as graças de um novo público.
Ele está presente em muitas coisas.
No meu andar melancólico e diário.
Nos meus bocejos bem frequentes.
Ele está presente nos meus pensamentos. 
Nos maiores pensamentos.
Nos mais relevantes. Os impossíveis. 
Apertado entre lembranças.
Soprado pela instabilidade dos momentos. 
Todos eles inclusive.
Eu que sou a menor das coisas. 
Detenho-me a imensurabilidade.
A métrica ausente de um texto confuso. 
Preso entre as entrelinhas.
Como antes fez Otelo e Estácio.
Embora as palavras ensaiem 
A obra desejada. Que importância tem?
O meu público não deseja nada.
Está calado. No escuro. No silencio. 
Vivendo tanto. Realizando sonhos. 
Envelhecendo como outros fizeram.
Da mesma forma. Nas mesmas situações.
Hipnotizados pelo futuro.
Um futuro curto. Momentâneo.
Rabiscado nas paredes da existência humana.

(Pedro Araújo)

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