Um poema de conformismo
Para espantar a tristeza,
Ela é longa e devora a carne.
Não sabe me enganar com seus caprichos.
Tem em si a fome das hienas
E o coração pulsante dos chacais.
Eu, pobre poeta de ontem,
Não sei nada sobre coisa alguma.
Como um ancião, escoro-me
Nas coisas do caminho. Achando em pleno
Voo a queda mais emocionante.
Se bato no chão, desfaço-me em mentiras,
Em angustias. Se, por acaso, asas
Brotam nas minhas costas. Um sorriso
Satânico surge, alertando sobre o
Engano do céu que se rendeu às linhas
Tristes desse texto inconsequente.
(Pedro Araújo)