domingo, 17 de dezembro de 2023

A ilusão de Perseidas

Eu me sinto sozinho e triste
Colhendo no passado o presente.
Não mais impulsivo e carente,
Como um dia já me viste...

Um soldado de outro momento
Em passos largos e corajoso.
Pisando firme no chão rochoso
Com um semblante marrento...

Matando a serpente rasteira
A golpes cruéis e martelados.
O sorriso no rosto e a rapieira...

No ar em feixes ensanguentados.
Oooh, ilusão sincera e mortal.
Outra Medusa encontrou o final.

(Pedro Araújo)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Não e Nem...

Não sempre pelos motivos errados,
Não tanto quanto a vontade quis.
Eu olhei no tempo os meus fardos,
Nada nessa vida me contradiz...

Nem sempre iludido pelos sonhos,
Nem tanto aplacado pelo sumiço.
Olho para o céu e vejo os risonhos
Momentos de tudo, tudo isso.

Não aceito pela alma desejada,
Nem perto da força, da conquista
Não permitida e bem esperada. 

Nem tanto feliz e mais realista,
Não mais profano, o homem são,
Nem amargo e sem um coração. 

(Pedro Araújo)

sábado, 4 de novembro de 2023

Pedras da rua

Já fiz 
De tudo para chamar 

A sua atenção. 

Aproximei 

Os meus assuntos 

Dos teus. 

Passei a me 

Desculpar. 

A achar lindo 

O vento, as folhas, 

Os passarinhos e as 

Pedras da rua. 

Mas você não notou.


(Pedro Araújo)







domingo, 15 de outubro de 2023

O diferente, o imperfeito, o estranho

[...] As sombras passam lentas,
Por aqui o silencio é assustador.
Todas as quietudes e tormentas,
Se juntam para a minha dor...

Tão longa e cheia de tropeços
- Desanimadora me faz tremer -
A vida em si cobra seus preços
De quem nunca soube viver.

Ah, orbes cadentes e perdidas,
Ouçam o lamento desse homem
Com a alma cheia de feridas...

E angústias que nunca somem.
Façam de mim o meu rebanho:
O diferente, o imperfeito, o estranho.

(Pedro Araújo)

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Amargo, escuro e imperfeito

[...] Eu me sinto tão fingido
Que me guardo sem saber.
Até onde poderei escondido
Não lembrar mais de você?
 
Olho em volta sem saudade,
Os móveis são meus monstros.
A cada passo me toma a idade
Nas palavras más de outros.
 
Já tive de me ver sonhando,
Rezando e prometendo tudo.
Perdido e nunca me achando.
 
Que o vento se faça um escudo
Para esse coração sem jeito,
Amargo, escuro e imperfeito...
 
(Pedro Araújo)

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Ao amor incondicionalmente

É pena sentir um amor dolorido
Onde todas as coisas viram ânsia,
Quando você pensa na distância
E só encontra o mal escondido.
 
É pena sentir um amor dolorido
Quando a solidão aperta e clama,
Quando o ser feliz vira a chama
Que queima a alma do sofrido.
 
É pena sentir um amor dolorido
E pensar no bem e nas proezas
Que apenas o coração entende.
 
É pena sentir um amor dolorido
E viver preso nas duras certezas
De uma vida que não se pretende.
 
(Pedro Araújo)

quarta-feira, 22 de março de 2023

Um outro rosário

Sopra o vento pela relva, somente
As lembranças me consolam agora.
Por onde andam anjos? Ah, gente!
O cansaço me toma e a alma chora.
 
Os caminhos escuros se mostram
Nos olhos de quem não compreende.
A luz se perde e as almas voltam
Quando o coração se desprende.
 
E em noites fingidas e “solitário”,
Eu busco os meus dias perdidos
Como quem reza um outro rosário.
 
Ah, Deus! Faça dos meus sofridos
Momentos a pena que escreve
A minha maldição; dura, fria e leve.
 
(Pedro Araújo