quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A sua arte

A sua arte não pode

Ser entendida,
Ela representa o caos e ele não
Respeita a opinião 
De ninguém. Pisa
Em crenças.
Pisa em pontos de vista.
Pisa em sentimentos.
Se eu fosse uma borracha, 
Apagaria o caos e 
Essa arte de deleite,
De certo, sumiria. Seria varrida
Para além da terra. 
Talvez distante,
Reflita sobre tudo. 
Em oposto, nós,
O tudo, o resto, faremo-nos 
Descrentes.
Agiremos desorientados, 
Movidos pelo medo
Humano. A sua arte não 
Pode ser entendida,
Ela no fim das contas nem é arte.
É um estranhíssimo, 
Absurdíssimo, descaso.

(Pedro Araújo)

domingo, 22 de abril de 2018

Eu, pobre poeta de ontem

[Escrevo]

Um poema de conformismo

Para espantar a tristeza,

Ela é longa e devora a carne.

Não sabe me enganar com seus caprichos.

Tem em si a fome das hienas

E o coração pulsante dos chacais.


Eu, pobre poeta de ontem,

Não sei nada sobre coisa alguma.

Como um ancião, escoro-me 

Nas coisas do caminho. Achando em pleno

Voo a queda mais emocionante.


Se bato no chão, desfaço-me em mentiras,

Em angustias. Se, por acaso, asas

Brotam nas minhas costas. Um sorriso

Satânico surge, alertando sobre o

Engano do céu que se rendeu às linhas

Tristes desse texto inconsequente. 


(Pedro Araújo)