quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sem hesitações

Estive pensando em você.
Por momentos me detive
À forma, ao jeito correto
De dizer coisas evidentes.
Curiosamente, não pude.
Senti em mim a tristeza
Convicta dos decadentes.
Friamente, olhei no espelho
Achei traços errados,
Tímidos de algo que havia
Esquecido. Achei feiura,
Achei que não tinha chance
De alcançar o seu amor.
Mesmo sabendo que ele
Nasce de ocasiões inusitadas.
Não sei se é uma desculpa,
Mas no fim das contas
Me deu forças para seguir
Em frente sem hesitações.

(Pedro Araújo)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Guerra

Oh, meu filho! Olhe as crian
ças
Atrás dos escombros.
Estão desorientadas,
Com medo de todo o mundo.
Não entendem que
O curso da vida permanece.
Mesmo depois de todas
As tragédias. Que morrer
Faz parte de algo maior.
Algo que ainda não
Entendemos, mas que
Aprendemos a temer
Por ignorância. O que
Você observa é a verdade
Escondida por trás
Do heroísmo humano.
O horror do vencido
Diante da glória do vencedor.

(Pedro Araújo)

Velhice

Perten
ço a um mundo de conspirações.
Observo as pessoas que passam pela rua.
Cheio do receio da juventude.
Juventude calada, dada as baratas.
Imito Elvis Presley. Escrevo bobagens.
Construo um sonho lindo de verão
Em praias litorâneas, secretas.
Aborreço-me no acordar lascivo.
Quando as lágrimas fecham
Os meus olhos sedentos d'aventura.
Tudo isso no escuro do meu quarto
Perto da janela, observando
O morrer lento do dia.
Junto de uma xícara grande de café preto.
Daqueles feitos a mão calejada.
Talvez por isso atormente o meu sono.
Oh, vida de faz de conta.
Quanto cansaço tenho de tudo?

(Pedro Araújo)

Ofício Poético IV

Sinto uma coisa diferente
Invadir o meu coração.
Mesmo nos meus dias
Mais distraídos
Aquela coisa mal
Resolvida se manifesta.
E tudo retorna
Como um vendaval
À minha memória.
Vejo você chamando
A minha atenção.
Brigando comigo:
- seu moleque!
Começo a sorrir.
Sinto muito.
Esse é o meu jeito.
De repente, eu acordo
Diante da verdade.
Apenas um vazio
Eterno e dilacerante
Me consola, novamente.

(Pedro Araújo)

Tempo

A primeira coisa que me
Vem súbita à memória
Diz respeito à saudade.
Sentir saudade é algo
Complicado quando a
Pessoa que se ama vive
Distante e indiferente.
Nesses dias de infância
Confesso. tudo era calmo
Como um oceano é antes
Das tormentas. Olhar
Para o passado agora me
Causa arrepio e
Arrependimento.
Quantas coisas deixei
Passar por ignorância?
Nunca me coube ser feliz
Nesse prazo curto de tempo.

(Pedro Araújo)

Não sou mais um crítico

Acho que estou cansado
De criticar a sociedade.
Quero exaltar a harmonia.
Folhas caídas. os dias
Sem nada para fazer.
Não sou mais um crítico,
Apenas me contento
Com a visão espectadora.
Enquanto os meus
Ideais poéticos tomam
Chuva atrás da porta.
Talvez me condenem
Por ser um cabeça dura.
Sei que esperam atitude,
Força e entusiasmo.
Querem que eu grite.
É bem difícil, devo dizer.
Não sou mais um crítico.

(Pedro Araújo)