segunda-feira, 22 de abril de 2024

Riscam os corvos os seus granidos

... Vai pela rua do sossego apenas
Em busca dos sonhos já perdidos.
Sopra o vento as minhas penas,
Riscam os corvos os seus granidos.

... No ar a natureza recita toda,
Os pensamentos que não possuo.
Vivo nas palavras do que acomoda
O espírito e a raiva que construo.

... Não mais impaciente e vazio,
Buscando em tudo essa verdade,
Nas longas noites que renuncio.

Vejo nas esquinas a minha vontade,
Aquilo que me falta e não dorme,
Levada pelo som triste e uniforme.

(Pedro Araújo)

domingo, 10 de março de 2024

Oh, senhor, pai, e sempre atento

Oh, senhor, pai, e sempre atento
Ouça desse filho a voz sofrida.
Que segue errando pela vida
Sem acertar em nenhum momento.

Traga paz às almas que se foram,
Aos corações vazios e escuros.
Senhor, alimente os nossos futuros
Com as obras que nos dignificam.

Perdoe os meus inúmeros erros,
Proteja os meus parentes e olhe
Por cada um dos meus filhos.

Conceda graça aos meus desterros,
Pois quem segue o bem apenas colhe
E se afasta dos seus empecilhos.

(Pedro Araújo)

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Aqui nada importa, nada muda

... Amor que eu penso sem nada
Haver no peito. Sedento e vivo
Nos momentos da alvorada.
Qual é enfim o seu objetivo?

Já que nesse peito sem vontade
Tantos dias se foram ralos...
Observo em mim essa maldade
Que se revela pura ao olhá-los.

Aqui nada importa, nada muda.
O sol brilha apagado, e triste,
Por me negar sempre a sua ajuda.

Ah, Deus, o tempo ainda assiste,
Ao calejar lento dos meus temores.
Cruéis e caladas são as dores...

(Pedro Araújo)

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Detido ao amor e seus objetivos

Em tristes passos vivo apenas,
Iludido pelos sonhos amados.
Carente, colhendo duras penas,
Em ira com os olhos fechados.

Acorrentado pela sua ausência,
Triste, corrompido e sem saída.
Colho em mim essa resiliência,
De quem nunca amou na vida.

Caminho por entre sombras,
Em rítmos alegres e emotivos.
Ah, o coração e suas desonras,

Detido ao amor e seus objetivos.
Em tristes passos vivo somente,
A esperar o teu sorriso inocente.

(Pedro Araújo)

No corpo um grande calafrio

Em meu peito ainda choroso
Te busco em cada momento.
No desejo cruel e rigoroso
Dos dias aos quais lamento.

Pelos caminhos do teu sono
As musas se perdem em orgia.
Em cantos, elas no outono,
Cantam em total alegria.

Frio, raivoso e inconsolado
Pelas dores que detenho.
Não entendo esse meu passado
E a angústia que mantenho.

No lugar claro, e desejado,
Todos sorriem ao vento frio.
Aqui eu me reponho calado,
No corpo um grande calafrio.

(Pedro Araújo)

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Soneto: Reflexões para um reinício

... Oh almas do desespero, perdidas,
Que vagam calmas pelos vazios.
Pelos sonhos aos quais as saídas
São caminhos escuros e pífios...

Abracem esse coração aos pedaços,
Essa lágrima eterna e destruidora.
Que em horas caladas, em percalços,
Corrompe, ilude e é duradoura.

Cantem corvos a música maldita
Que espera serena os devaneios meus
Pulse coração, chore sim e reflita.

Pelas horas que me detive aos teus
Encantos, aos rancores sem tamanho.
Um romântico triste, um estranho.

(Pedro Araújo)

domingo, 17 de dezembro de 2023

A ilusão de Perseidas

Eu me sinto sozinho e triste
Colhendo no passado o presente.
Não mais impulsivo e carente,
Como um dia já me viste...

Um soldado de outro momento
Em passos largos e corajoso.
Pisando firme no chão rochoso
Com um semblante marrento...

Matando a serpente rasteira
A golpes cruéis e martelados.
O sorriso no rosto e a rapieira...

No ar em feixes ensanguentados.
Oooh, ilusão sincera e mortal.
Outra Medusa encontrou o final.

(Pedro Araújo)